quarta-feira, novembro 4

sobre a coragem.

"O maior ato de coragem é a coragem de amar. O amor é o grande agente de transformação, em todos os sentidos. Se a gente se transforma em alguma medida na infância é por amor pelos pais, se a gente se transforma numa terapia é por amor de transferência pelo terapeuta, se a gente se transforma numa amizade é pelo amor pelo amigo. O amor é o grande motor das transformações. O que não significa, e isso precisa ser dito em letras garrafais, que a gente possa entrar numa relação amorosa imaginando que possa transformar o outro, porque isso é uma merda garantida".

Se amar é ter coragem, então sou bem corajosa. Muito mesmo. Na realidade, eu não passo de uma dessas pessoas muito antiquadas que acreditam numa visão de amor que segundo uns e outros não existe mais. Que seja. Mas se amar é ter coragem, então amo enormemente. O bastante para ter coragem de fazer escolhas que muita gente não faria, o bastante para ser sincera, o bastante para transformar em mim o que for necessário. O bastante para aceitar alguém apesar de tudo (porque realmente, Contardo, é preciso dizer em letras garrafais, que tentar mudar o outro, sempre dá merda). O amor já me transformou e sei bem que o amor que sentiram por mim também já foi transformador. Por essas e outras que eu continuo acreditando.

domingo, novembro 1

Sobre usar pessoas.

Apesar de ter uma fé infindável na humanidade e na bondade, não sou ingênua, ou não tanto quanto possa parecer. Gosto de procurar o melhor das pessoas e quase sempre tenho tido sucesso, o que me incentiva a continar tentando.
Ainda assim, algumas vezes as pessoas fazem coisas abomináveis e muitas vezes movidas pelo sofrimento, angústia, raiva, tristeza, enfim, os motivos são muitos para usar o outro. Usamos para quê? Pra muitas coisas. Elas se resumem - quase sempre - na necessidade humana de cobrir faltas que sempre vão existir, inevitável.
Mas o que eu abomino mesmo, e com todas as minhas forças, é quando alguém usa o outro, sabe que está usando e utiliza sofrimento como justitificativa. E aí eu digo, o sofrimento pode até explicar essa atitude desprezível, mas não justifica, de modo algum. Algumas ações são maldosas, ferem, são ridículas e patéticas, o que me provoca (por frações de segundo) pena.
Todo mundo tem o direito de sofrer, mas por favor, não dá para fazer com esse sofrimento um estandarte para esfregar na cara de quem já não se preocupa mais, utilizando como mastro alguém que não tem nada a ver com isso, e que muito provavelmente, está em busca de um pouco de amor. Reconhecer isso é compaixão, bondade, afeto pelo outro. Quem usa o outro, não pode realmente amar ninguém.