domingo, dezembro 25

sobre o balançar da maré

Lembro de ter terminado 2010 com a mesma sensação com que termino 2011: aquela de ter muito agradecer e pouco a desejar. Que isso é sempre bom, acho que todos concordam. O fato de não ter realizado os meus quereres durante esses trezentos e sessenta e tal dias me faz (re)pensar que o sucessivo será igual, sem mudanças. E isso é agravante, desestimulante. Torna-se impossível desejar e não se submeter ao desejo. Querer e não ter coragem de realizar, ainda mais quando se sabe que só você pode o fazer.


Se o balanço dessa maré for feito agora, digo que esse ano foi como um grande tombo na minha vida, uma grande topada, uma prévia para o que virá, uma preparação e um verdadeiro teste de paciência com um toque refinado de um coração juvenil. Me sinto mais lúcida a cada dia que passa, mesmo me ausentando em quase todas as cabines, sinto tanta coisa brilhando perto de mim. O fato de pessoas (re)brilharem para mim, fôra uma das melhores coisas. E admito, que elas que iluminam meu pensamento de agora em diante, esse brilho que sempre existiu, porém só agora eu me permiti ver. 


Só peço mais de mim agora. Que é a única coisa que posso mudar por aqui. Os arredores são uma inevitável consequência.  Acho que, pela primeira, vez espero sem esperar. Isso é possível ou é contraditório? Acredito que é justamente pelo fato de ser contraditório que é possível. As melhores coisas que acontecem são sem querer, sem esperar, sem roer as unhas. Elas simplesmente se dão. Elas se dão para a gente vivê-las, e cabe a cada um aproveitar ou deixar pra lá, deixar pra lá por medo, por cautela, por falta de tempo ou energia.




Quero mais cores, sabores e, um pouco mais de valores.
Só o oxigênio não basta, é necessário um coração pulsando.

terça-feira, outubro 4

sobre o tempero de dendê

Às vezes me sinto perdida em meu próprio mundo. É tanta gente, é tanto nada que eu não sei onde estou. Quero ver a grama, e não pensar porque ela é verde. Quero sentir teu perfume sem imaginar quem já se sentiu apaixonado por teu cheiro de rosa nova. Quero ouvir o tom do teu violão, mas quero agudo, um som aberto. Chega de ciclos fechados, quero o fino que soa bem. Com um pouco de dendê também faz bem.

Que o tempo passe, mas regue essa vida com muito tempero. Venha trazendo gente nova, bebidas doces, conversas aconchegantes. Porque o que é velho não me satisfaz mais. Peço até que velhas pessoas mudem, se mudem pro lado de cá, se desvirem, se reinventem, que mudem sua colônia só pra ter um pouco de novidade, de sabor. Quero que apenas uma venha com cheiro de dendê, que envolva todo o quarteirão. E eu já senti. Quero mais anos verdes.

sexta-feira, setembro 9

Sobre 365

Agosto é sempre turbulento. Não adianta, por mais que você programe sua vida nos seis anteriores meses, chega agosto e embaralha tudo. Acho que Agosto serve pra mostrar o que é de verdade e o que não é, e bem como o nome, ele mostra a gosto, porém de uma forma desgostante. Ninguém gosta do Agosto, porque ninguém gosta da verdade, é simples, claro e notório. Quem gosta de ver seus desejos, sonhos e planos terminar como as folhas de outono?

Agosto é um mês solitário, passa devagar, sem muito brilho, sem muita cor. É um mês frio. E quando você acha os dias não saem do lugar - chega Setembro e suas flores, cores e amores. O simpático Setembro traz as certezas de que o Agosto valeu a pena. Que cada dia frio daquele mês tenebroso trouxe uma soma ao seu dia. E é por isso que todo mundo ama Setembro, ele vem com a mesma cara que sua estação.

A estação é a alma do mês. E o ano é bem como o ser humano, tem suas fases, suas crises. Sempre soube se virar sozinho, sempre contornou qualquer situação. Nesse momento ele mostra a primavera, ele renasce, se apaixona e se encanta. Uma estação tão linda é seguida de outra tão terrível para mostrar que após a tempestade sempre vem um belo arco-iris.

quarta-feira, setembro 7

sobre uma receita.

Hoje me bateu uma saudade imensa de escrever. E como de costume, pus-me a sentar na minha cadeira florida, com um ótimo copo de Matte, e deparei-me com um instante de silêncio que me contou tudo o que eu precisava ouvir.


Ouvi dizer que a vida anda linda, cada dia mais linda, e que os sonhos, esses estão regando a vida, com base na esperança e na boa fé. Contaram-me também que os caminhos se estenderam e que as janelas estão abertas para o sol entrar dentro da casa amarela, com fim de eliminar toda poeira e teias. Contrataram uma moça para arrumar a pequena casa, ela até se enrolou para concluir sua tarefa, viu que havia muita bagunça, mas com um belo sorriso e disposição no rosto arrumou tudo em algumas semanas. Abriram uma floricultura aqui ao lado, dizem que vende as mais belas flores da cidade, desde as rosas, tulipas, orquídeas e as minhas favoritas, as multicoloridas. 


Mas eu não vi nada disso, nem a vida, nem os sonhos, tampouco a esperança que rega os sonhos. Não cheguei a pagar o salário da moça que arrumou a casa, não passei nem a ver o sorriso que estampava seu rosto durante a arrumação. Eu estava ocupado demais, sentado, parado, tentando arrumar o quarto e o coração - a cabeça eu já desisti. Mas esses me deram um trabalho imensurável. Mas finalmente após semanas que juntas, formaram meses que juntos, formaram anos - eu consegui.


Consegui ver que a vida não se baseia em minha cadeira de flores, nem no meu ótimo chá. Vai muito além. Recebi uma carta da moça, e nela trazia a receita para o bem estar:


"Querida flor,


Não me deparei com seu físico, mas contaram-me que eras a flor mais reluzente de todo o bairro, chegaram a compara-la com a beleza das flores da floricultura que abriu ao lado. Quero mostrar-te o quão é necessário promover uma organização. Ninguém jamais disse que não seria doloroso, às vezes passo semanas com dores na coluna - mas não se preocupe, isso passa. Você tem que começar pelos objetos grandes, porque só movimentando eles poderá chegar a achar um lugar para os pequenos, que são apenas detalhes. Perceba que tens que fazer do jeito que achar correto, de um jeito que não a incomode e também não traga transtornos a quem vem visitá-la. 


Não tenha dó de coisas antigas, dê espaço para as novas, dê bastante espaço. Tenha zelo pelo que você trás dentro da casa, mostre respeito. Afinal, quem disse que as coisas não têm sentimentos? Abra a janela todos os dias para os novos ares entrarem 24h. Talvez você até sinta uma nova fragrância no qual se apaixone! Não tenha medo de ousar, coloque flores, decore,redecore, e o mais importante, sorria, pois este vale por mais de mil flores na sua casa.




Ps: O pagamento se dará pela realização dessas dicas. Deposite em minha conta!"




Depois desse dia passei a ver a vida de vários ângulos, e o mais importante: passei a ver e viver a vida.

segunda-feira, maio 23

sobre detalhes de uma moça.

Adoro receber a alcunha de mocinha. Aceito com os olhos brilhando e coração aberto receber flores, desde as rosas, Rosas, vermelhas, Tulipas, amarelas, multicoloridas, multiestrelares... Gosto de acordar com o pensamento de que ainda existem pessoas românticas caminhando só por aí, querendo achar um coração solitário pra depositar todo o amor que traz no peito. E gosto da ideia de que essa pessoa pode estar do meu lado, às vezes sinto isso - só de ver, só de tocar, de abraçar. Gosto de te ouvir tocar, te ouvir cantar, de ouvir tuas músicas, e quando eu estiver só, fazer você entrar nelas e no meu pensamento. Acho uma delícia contar essa história do meu ponto de vista, e gosto mais ainda de estar dentro dela, mesmo que seja assim, esporadicamente.

sobre pessoas.

Ando com um lenga-lenga tão grande com relação às pessoas e não consigo evitar. Pode notar, eu não emplaco assuntos novos, eu faço comentários cômodos ao que se está falando, mas no fundo, bem no fundo, eu quero ficar quieta, de preferência sozinha, de preferência fazendo nada. É que essa inercia das pessoas está se tornando um agravante na minha dissertação (ou a falta dela). Chego a pensar que não sei mais prosar com seu ninguém, veja só!

Acho que isso vai passar, acho que tem a ver com cansaço, não o físico, mas principalmente o mental. O único sinal que meu corpo lança pra me avisar que tá sentindo novamente as viagens semanais é minhas costas doloridas. Acho que eu tenho encurtamento muscular porque eu sou sedentária há anos. Eu não faço alongamento, não caminho, não faço dança de salão, não vou à academia. Daí eu digo que não tenho tempo para a academia, mesmo sabendo que eu não funciono mentalmente de manhã cedo e tô aqui postando no blog e gastando minutos na internet. A gente foge.

Se eu pudesse dar um conselhozinho agora, diria pra não fazer nenhum tipo de cobrança; a menor que seja, me desperta um enfurecimento de vários sentimentos no qual, não quero lidar, tampouco quero se alguém lide. Nunca gostei de cobranças dos outros e isso deve ter a ver com o fato de que é mania minha me cobrar o tempo todo (mesmo que seja assim - bem enrustidamente) e saber exatamente o que quanto eu devo para todo mundo. Então, acredite em mim, por mais insatisfeito que você esteja comigo, eu estou mais.

quarta-feira, maio 18

sobre umas aspas.

Para uma menina com uma flor...

" Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado. " [...]

- Vinícius de Moraes

quarta-feira, maio 4

sobre tragédias

Às vezes acontecem alguns momentos na minha vida que digo que são identicos a uma novela do Manoel Carlos. Mas as novelas do 'Maneco' (odeio quem fala Maneco) são muito previsíveis, tornando-as chatas. Todo mundo tem money (sem trabalhar) e comem saladas em restaurantes que não mudam. Tragédias tipo tumores e gente paralitica têm também. E quanto à minha vida, bem, eu não posso estar reclamando, como disse à moça dos cabelos na nuca d'um evento no ônibus - está tudo bem, não tem como ficar melhor.

Definitivamente, tragédias não ocorrem na minha vida. Mas as coincidências sim. Dessas de encontrar pessoas (des)conhecidas num boteco por aí ou, até mesmo num congestionamento na Av. Epitácio Pessoa como há todas as noites. Dessas que fazem surgir na hora de um incidente uma pessoa que gosta de mim e que se importa comigo, como num passe de mágica. Dessas que fazem meu dinheiro perdido surgirem (nem que seja pela metade). E algumas dessas coincidências poderiam ser contadas numa comédia romântica (se bem que as últimas foram mais para Ele simplesmente não está a fim de você).