domingo, setembro 13

sobre esquecer da vida

Há dias que não sei mais viver. Quem me lê sabe o quão minha vida é baseada em ser um ser que anda sem saber. Ando na linha tênue do querer e do ter um milhão de motivos para não estar lá. Descobri que um sopro é capaz de apagar magoas e reacender almas. Julgamento não pode fazer parte do vocabulário do ser humano. Sobreviver é uma questão de angulo, de momento. De dar um close no instante. E ah se pudéssemos congelar!

Momentos singelos proporcionam explosões de sentimentos, que vão do medo à carne, da unha ao calafrio. Um olhar, um palmo, um aroma - se unem para me tirar do sério quando cai a noite, quando estou no ônibus, quando estou na rua - não tem hora. 

Ouvir Pitanga em Pé de Amora e só querer a sorte de estar embaixo de um folheado verde, de pernas cruzadas e entrelaçadas com meu bem. Sonhar, e sonhar muito! Sonhar acordada, dormindo, respirando, vivendo, sendo. Só me falta o amor saltar da navalha que o corta e ser livre, sem dor, somente com o sabor de saber o quão maravilhoso é a brisa das cinco - quase tarde, quase noite. 


Onde a unica coisa que aperta é o abraço da despedida.

terça-feira, agosto 18

sobre o baque de agosto

O tempo correu, e eu como de costume não o vi passar. Mas agosto é um daqueles meses que me dá um baque para a vida, onde tudo ou nada podem acontecer. Extremista como quem aqui escreve. Esse ano aconteceu. 

Os últimos três meses eu estava vivendo em um modo automático, com as engrenagens enferrujadas - diga-se de passagem. Aquele camarão da música do Zeca Pagodinho era eu. Ia para onde a maré me conduzisse. Minha sanidade está voltando aos poucos. Me sinto saindo do casulo. Cada dia finco um pouco mais a raiz nesse solo que, como gosta de lembrar meu chefe: "De porcelanato puro. Altamente resistente". Mas ora, quem quer saber onde é que se pisa? Ao menos que estejamos no setor de construções. Ou talvez ele queira mostrar a todos o quão é difícil criar raiz neste solo, e que se conseguir você está pronto para florir. Não há ventania que te leve. 

Enraizar não é facil em tempos como esse, onde em todos os lugares há pessoas querendo colher. E sabemos, as melhores rosas não têm como escapar. 

Pois até quem já possui um buquê inteiro se encanta com a simplicidade de uma rosa firmemente enraizada.

 

segunda-feira, maio 11

sobre primaveras e outonos


Incrivelmente a primavera passou. Só restam as folhas secas do outono desmembrado. As estações do ano mudaram de ordem, e duram o tempo que querem. Anos de primaveras e verões. Agora um tempo que a Deus pertence de outonos e invernos. 

Toda dedicação para as rosas desta primavera. Agora suas pétalas caem na grama como se essa fosse a única forma de esquecer a história. Mal se sabe que esse processo é energizante para a vida. Adubar o solo é a maior garantia que as próximas rosas serão mais nutridas.


Eu tenho as estações do ano dentro de mim.
Posso ser Primavera, Outono, Inverno e Verão.

Benditas coisas



Difícil escolher um trecho de uma música como essa.
Onde traduz o hoje. O agora. O vento. O tempo.

domingo, abril 12

Existencia Narrativa

Esses dias ou semanas, quem sabe meses - não sei - estou perdida. Não sei para onde vou ou com quem vou. Onde durmo, onde acordo, não conheço minhas roupas, nem meu sorriso. Os meus olhos estão com um pigmento diferente - acho que essa não sou eu. 

Devo estar vivendo em outro corpo, ou possa ser que eu esteja simplesmente narrando a história de uma garota de vinte anos. Devo ter estudado bem, conheço todo o passado, todos os amores, todos os sabores que ela sentiu. Sei onde o calo aperta. Sei quem perambula nos sonhos dela. Sei ainda quais são todos os desejos dela.


Ela não quer andar onde eu peço para ela andar. Está teimosa, não me ouve. Acho que nós perdemos um pouco a sintonia. Estamos nos desprendendo, o seus olhos estão mudando, até mesmo os lugares onde ela frequenta estão mudando. Ela vai acabar tropeçando. Está com raiva de mim. Falo pra ela sobre o que acho da vida, ela me se emburra completamente. Falo pra ela seguir o sonho da noite anterior. E me responde que lê Freud e que isso não passa do inconsciente alavancando a sua vida. 


E eu repito, tem certeza?


Sempre ignora. Prefere não responder porque a unica certeza é a de que tenho razão. E às vezes entro no blog dela e escrevo na esperança que um dia ela leia e entenda o porque que quero ver os seus pés na areia. A vida está passando, e não espera ninguém. Ela não vive. Não inspira, só respira. Não vê, só olha. E quando entro nesse quarto, olho pra essa janela com o verde e o azul celestial em combinação, tenho vontade de reinventar essa história para que ela viva. Para que eu viva. Para que minha narrativa não seja de magoas, tristezas e incertezas. 


Quero narrar sabores que ela experimentou, amores que ela abraçou, encontros em um café, em um botequim, quero até mesmo que ela deseje feliz aniversário para pessoas que ela se importou demais em outrora. 


Sem narrar nada sou. Já que ela não me ouve, sobrevivo escrevendo.

segunda-feira, março 30

-

"Seu relacionamento com você mesmo define o tom para todos os outros relacionamentos que você tem."

Retalhos de uma viagem para um lugar incrível.

sexta-feira, fevereiro 20

Sobre trechos de um mestre

"Conheço um poeta. Um grande poeta, mas sempre me pergunto como ele pode ser um grande poeta - ele não pode ser nem um homem. Ele deve conhecer truques de linguagem, deve ser um gramático. Provavelmente, faz truques com as palavras. Mas não pode ser um grande poeta, porque a poesia vem da vida -  e ele é um medroso!"


Hoje pela manhã li esse trecho do Osho, e na noite o poeta apareceu.
Osho é realmente um pai, um Mestre. E nos mostra que o universo conspira, respira e principalmente nos inspira a viver. Portanto viva, tenha coragem.

quinta-feira, fevereiro 12

-


E me dá saudade seu rosto brilhando ao sol

sobre a ama-dur-essência

Que bom que a gente amadurece, as paixões são direcionadas como força criativa, os julgamentos são menores e a aceitação vem junto com a gratidão e a confiança.

Que bom que a gente amadurece e consegue brilhar no meio do caos.
envelhecer é uma coisa linda quando se busca sabedoria.

Por uma vida leve, um coração palpitante e sorrisos solares. 

-


Eu não quero sambar sozinha, eu quero compartilhar

sexta-feira, janeiro 16

sobre ter paz

A paz quer guerra
os pais da guerra somos nós
os nós que fazem um emaranhado
nos cabelos
nos pensamentos
nos ideais.

Eu quero paz
a paz quer me deixar em paz
sem par
a paz quer mesmo a guerra
o silêncio
as palavras não ditas
e correspondidas.

quinta-feira, janeiro 1

Sobre um novo movimento de translação

Renovação
Em cada Dia Primeiro do Ano o céu é cuidadosamente repintado de azul.
__Mario Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.


Quando se pensa que tudo está perdido, lá está a luz no fim do túnel, digo - do coração. É nele que se carrega o equilíbrio para todos os problemas. Espero que o ano que segue seja assim, como me sinto agora nesta noite, neste instante, um pouco mais independente, mas ao mesmo tempo, bem mais dependente das pessoas que valem a pena. Que elas brotem com um coração lindo e limpo, porque é disso que a nossa vida anda escassa. Aventuras, boas histórias e sabe se lá um novo tempo. Seja esse o novo desejo: tempo. Tempo para viver, desvendar e me encantar nestes 365 dias que estão por vir. 


Detalhes, retalhos, sorrisos.