quarta-feira, agosto 25

Sobre um diálogo com Ele.

"(...)
- Mas a vela está se apagando, e eu tenho medo do escuro.
- Tenha calma, menina. É só uma leve brisar logo vai passar... Não tenha medo do que irá encontrar. Espere, talvez encontre algo essencial.
- Mas já tenho tudo que preciso: casa, amigos, familia, brinquedos, vestidos bonitos...
- Não sente falta de mais nada? O essêncial nem sempre está aos nossos olhos, talvez você possa ganhar experiencias, aperfeiçoar um dom, ou até mesmo perder esse medo da escuridão, do desconhecido.
- Mas talvez eu me apavore, e então? Pra quem vou pedir ajuda? Quem irá me amparar quando bater todo esse medo?
- Eu estarei contigo, Salomé. E o mais importante, você estará consigo. Ninguém melhor que nós mesmos para nos amparar. Nascemos só, vivemos juntos mas, morremos só também.
- Então, posso chamar por Você?
- Claro que sim, mas lembre-se de chamar você mesma, também. Você é especial, Salomé. E todas as pessoas especiais tem uma mágia dentro de si, um brilho. Você tem muito a aprender, e esse medo vai passar, vai passar.
- Assim espero, assim espero. E espero que essa vela não se apague, pois estou com frio (...)"

domingo, julho 25

sobre apertos.

De uns tempos pra cá, quase todas as minhas roupas foram para a reforma, acontecendo isso por conta da minha emagrecida visual (porque o peso está o mesmo, quase não vi diferença,ora, ora!). Mas me lembro muito quando essas roupas ficavam apertadas e eu tinha de fazer uma manobra circense para que elas ficassem ali, intactas em mim, lembro-me que quase não respirava! Mas levando o assunto para o lado sentimental (ou racional, como queira interpretar) uma das coisas mais terriveis é sentir seu coração sendo apertado, como se estivesse em uma pequena caixa, sem buracos para respiração. É deitar e passar horas sem conseguir dormir. É pensar que poderia ter feito diferente, e mudado tudo. Mas nessas horas eu penso (ou tento) que pra tudo há uma solução, que vale a pena se empenhar para o que se deseja, que deve-se ficar surdo em uma hora como esta, apenas observando, pensando e agindo com racionalidade e perseverança. E é isso, por mais que tenha-se 90% de chance do carrinho da montanha-russa se desgovernar, eu vou nessa aventura, porque há uma possibilidade que tudo mude, e eu consiga seguir o meu trajeto de forma esperada e tranquila como sempre quis.

sexta-feira, julho 23

sobre a imprevisibilidade.

É, para os que conseguem fazer de sua vida uma reta, por favor, mandem-me as fórmulas! Porque minha vida sempre tivera um forte toque de imprevisibilidade, sempre fora uma montanha-russa, uma daquelas, bem longas e rápidas. Que por mais que se saiba o trajeto antes de pegar seu ingresso e embarcar nessa aventura, você se surpreende, se assusta, seu coração vai a mil, porque sempre há riscos de não ocorrer o trajeto correto do brinquedo, acidentes podem acontecer e tirar você do carrinho quando você estiver lá em cima, sem base alguma, e você fica totalmente sem chão, literalmente, em consequência, vem a queda. E essas quedas são as piores, são quedas que você sabe o quão vão te machucar, como vão te machucar e o pior de tudo: você sabe o que fazer para sua dor passar, e não pode fazer nada, isso é o pior, você ter o antídoto da sua cura e não poder toma-lo. Espero que um dia, alguém além de mim, descubra o antídoto, e use-o em tempo, em tempo de tudo, e sabe-se lá qual o tempo.

domingo, junho 27

sobre junho, 27.

'É como se fosse um botão de florzinha, que conquista sua beleza em meio a milhões de rosas formadas, se retorcendo, dobrando-se, escorou suas raizes na areia fina com grande dificuldade mas, pouco a pouco, foi se fixando. É, a florzinha está pronta, ela está crescendo, só precisa de um pouco d'agua e luz, muita luz...'

Só um pequeno texto de aniversário que fiz.
É, mais um ano. Parabéns para mim, e para o anjo da minha vida, minha mãe. =)

sexta-feira, junho 18

Sobre saturação.

É como um copo no qual você enche d'agua, que pode ser substituido por sentimentos, trabalhos, encostos ou qualquer coisa que seja. E depois de um certo ponto que você despeja mais e mais água, você percebe que chegou no extremo do copo, mas você sente que precisa pôr mais água, pois sentirá sede futuramente. É mais ou menos isso que se passa. E isso com toda certeza traz um ponto de revestrés que eu jamais vi igual, você se sente desacreditado para qualquer afazer, só quer ficar lá, e sentir se o mundo se movimenta sem um movimento seu. E é mais ou menos isso que se passa, agora.

quarta-feira, junho 2

Sobre decisões

Não é sempre que ocorre, portanto, melhor não perder de vista aquele momento em que tudo parece certo, quando a escolha traz alívio, alívio por ter entrado no melhor caminho, quando muitos apareceram.

Tranqüilidade. Sempre achei que é uma dessas sensações que não dá pra deixar escapar. Porque de repente vem uma brisa e leva embora aquilo que hoje faz sentido. Me sinto bem. Feliz por poder bancar meu desejo. Por me sentir bem em estar aqui sozinha sem me sentir sozinha. Tem a ver com a capacidade de aproveitar minha companhia, organizar meu tempo, separar meia hora na semana pra fazer as unhas e me alimentar bem. Estas têm sido minhas maiores metas. Pois de uns tempos para cá, eu estava totalmente desorganizada, e isso estava alterando criticamente meu humor.

Sinto saudades das minhas amigas antigas. Mas confesso, tenho sentido falta de casualidade, de dar risada, de barzinho, da madrugada, de conversa fiada. Preciso dessas coisas, mas tenho paciência, paciência de esperar os laços se firmarem por aqui para que elas passem a acontecer naturalmente.

Enquanto isso, levanto, tomo café da manhã (o que é uma novidade), vejo TV, almoço, vou pra escola, e no fim da tarde vou para a academia. Leio algum livro a noite quando dá, faço um lanchinho, converso com quem se gosta de conversar, só nao durmo muito bem. Quando chega o fim do dia, de tão cansada, me enfio embaixo do chuveiro e lavo a alma, porque é isso que a gente faz quando toma a decisão certa.

sexta-feira, maio 7

Sobre (des)encontros

O que une as pessoas é um fio bem fininho e muito delicadinho que não tem nada, mas nada a ver com o lugar que a gente vive, muito menos com os pontos de vista. O que manda nos encontros e nos desencontros é a vontade. Que exige que duas pessoas segurem a ponta do fio com a intensidade certa, ou ele vai se arrebentar, o que acaba estragando tudo, ou ele vai se soltar.

Acho que quando o fio se solta, é doloroso pra quem ficou de mãos firmes no tal fio, vendo a banda passar, e chega a tristeza, a gente segue vivendo, estudando, trabalhando, tomando cervejinha em qualquer lugar, antes de dormir, deseja que aquela pessoa, resolva pegar a ponta outra vez. Que ela ligue ou mande um e-mail, que apareça na sua casa para conversar sobre os encontros e desencontros de tudo no mundo.

E todo mundo é responsavel por um dia, ter largado a ponta do fio. É só pensar na falta de ânimo que muitas vezes sentiu na hora de sair de casa e encontrar aquela pessoa. Na energia que se gasta para continuar deixando ela fazer parte da sua vida, mesmo que a rotina sufoque.

Uma coisa que eu sei é que os encontros ainda me provam, é que o fio do encontro, por mais delicado que seja, é flexível e pode caminhar quilômetros e mais quilômetros. Só torço pra que quando me arrebentarem o fio, seja porque não dá mais mesmo.

sábado, abril 17

Sobre tempestades.

Eu penso que há situações que são alheias à nossa própria vontade e contra essas danadas é inutil lutar, tirar a roupa, pisar em cima e chorar como uma criança barriguda. Não resolve!

Explosões são bonitas porque no transtorno e barulho que fazem nos motivam a pensar. Pensar sobre o que pode ser feito, e sobre o que não está a nosso alcance e por isso merece nossa contemplação e espera. E bem sei que esperar é difícil.

O mais engraçado, e isso me faz pensar que talvez eu seja contemplativa demais e que isso me faça muitas vezes me concentrar nas minhas tragédias pessoais, é que pensei em tudo isso por causa de um trovão comprido demais. Eu digo sobre o dia em que acordei assustada por ter ouvido o trovão mais longo da minha (longa) vida.

O coração acelerou e senti um medo tremendo, que nunca havia sentido por nada do tipo. Nessas situações sortudo é quem pode alcançar a mão de alguém que está proximo e dizer que está com medo e, nesse gesto tão simples, ser abraçada e ouvir que você está assustado porque o trovão foi forte mesmo, mas que já passou, você pode voltar a dormir.

Muitos colapsos pessoais são trovões fortes demais. Fazem barulho na tempestade e a tornam mais tensas. É bom poder estender a mão e ser abraçada. Mas é importante poder fazer isso por si mesmo, levantar, verificar se as janelas estão fechadas, pegar mais um cobertor e esperar o pior da tormenta passar. Isso é ser mãe de si mesmo e a gente precisa fazer quando a mão ao lado não pode nos alcançar.

quarta-feira, abril 7

sobre um registro

Depois de tanto evitar, preciso registrar aqui minha felicidade. Preciso dizer que tudo contigo é maravilhoso, desde um filme no cinema a uma conversa sem palavras. Tudo do seu lado é mais fácil, e é só olhar pra você pra me sentir capaz de mover o mundo. Preciso dizer que tudo que você faz é uma delicia, mesmo quando você me faz cócegas e eu não consigo nem me mexer direito, ou quando você me bate e faz aquela carinha porque sabe que vou descontar. Preciso dizer que eu adoro seus carinhos efusivos e suas piadas ruins. É perfeito não conseguir dormir porque você não deixa, e não deixar você dormir quando seus olhos mal param abertos. Do seu lado me sinto criança, adulta, menina e mulher. Do seu lado me sinto EU. Preciso mesmo dizer que dessa vez vou fazer diferente, não vou agradecer, muito menos fazer juras. Na verdade, eu só quero ter um 'eterno enquanto dure' com você. Vai ver que depois de tantas voltas, de repente era pra ser assim :)

terça-feira, março 23

sobre o que se sabe.

Digo sempre: a solidão, sentimos sempre porque é impossível ser junto o tempo todo. Pode-se achar por alguns momentos que uma pessoa te completa e que te entende por inteiro, que seus pensamentos são continuação dos dela. Isso pode ser verdadeiro por um tempo, mas logo você percebe que não é bem assim.

Sei de tudo isso e de outras coisas. Sei, por exemplo, que não suporto quem vive de paixão. Quem vive de paixão é volúvel e incapaz de amar. Quem vive de paixão não consegue nunca compreender a graça de conhecer alguém profundamente, incluindo as partes menos atraentes. Aquelas que não mostramos imediatamente ao conhecermos alguém, porque é preciso nos amar para poder conviver com elas.

A minha parte menos atraente é que eu sou carente. Gosto de atenção, gosto de companhia. Gosto de alguém que dedica cinco minutos para perguntar como eu estou. Deve ser por isso que converso com as pessoas desconhecidas. Para mim, amor é isso. É saber dessas coisas e levar em frente. Se apaixonar é fácil. Difícil é amar os dias de mau humor, as implicâncias, os costumes diferentes.

Não me considero particularmente apaixonável, até porque, pessoas retraídas dificilmente são. Mas acho que sou amável, por causa das outras coisas, aquelas que aparecem depois de um tempo, que nem precisa ser tão longo. Ando me sentindo sozinha. Precisando de alguém pra conversar. Sobre nada, sobre o filme, sobre a música, sobre a notícia, sobre os planos. Essas coisas que eu fazia quando namorava e agora não faço mais porque o tempo precisa de um pouco da nossa generosidade e paciência, e por isso, melhor não forçar nada. O que as pessoas precisam mesmo é de alguém para mandar uma mensagem ou fazer uma ligação de madrugada, independente da hora sem sentir que está incomodando, sem se sentir patético por isso.

sábado, março 20

sobre um momento.


"(...)De onde vem parar o mar. Seu sorriso bateu aqui, inda posso me apaixonar. Quero tanto, quero tanto, quero tanto, quero tanto você. Mar aberto, mar adentro, mar imenso, mar intenso, sem cais. Tou com medo, to com medo to com medo to com medode ver que inda posso, inda posso, inda posso ir bem mais."

Sem Cais - Caetano Veloso

domingo, fevereiro 21

sobre deixar ir.

Quem me conhece sabe, sou um pouquinho cabeça dura, resistente a mudanças, teimosa. Gosto de extrair das coisas até a última gota de possibilidade. Não acho que isso seja sempre bom, pelo contrário, percebo que em muitas situações, o mais acertado seria deixar ir, da mesma forma como deixo pra lá as coisas que não uso mais. É tão fácil me livrar das coisas, é simples, se não uso, não toco, não preciso por pelo menos um ano, não é mais meu.

Mas com meus sentimentos, com as "minhas" pessoas não sou assim. Ainda bem, porque volubilidade com sentimentos me incomoda. Em relação aos meus objetivos, também persisto, tento até não dar mais mesmo, tento até sofrer, e por isso sofro mais. Odeio olhar pra trás e pensar que não dei tudo de mim. Coisa de gente obsessiva isso de ter que ficar reparando, de ter que ficar conferindo se fez tudo certo.

E aí, eu fico com aquela sensação de quem tem um cachorro que precisa ser sacrificado. Você sabe que ele vai sofrer se continuar vivo, mas você ama tanto ele vivo ao seu lado que resiste. Só que é preciso alguém que ame mais a ideia do cachorro sem sofrimento. É bom compreender que o melhor é ter a ideia dele vivo e bem. Essa ideia não morre nunca. E muito tempo depois, você é capaz de falar dele com amor. Sem culpas, sem reparações, sem arrependimentos. É, tenho que confessar que é sempre tão dificil... =~

sobre a tal incerteza.

Semanas atras assisti a um musical que poxa vida! Não tenho palavras pra descrever o quanto refleti com o mesmo. Fiquei pensando sobre as incertezas, a dificuldade que diferentes possibilidades de escolhas nos colocam. "Quais são seus planos agora?", é uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas e quando você não tem esta resposta, seja porque não encontrou o seu caminho ou porque a sua vida está acontecendo lá fora enquanto você faz os planos mais mirabolantes, a sensação é de mal estar. Eu deveria saber quais os planos? Nem sempre, desde que eu saiba qual o meu objetivo. Quando você tem objetivos, dos mais simples aos mais complexos, é preciso percorrer um caminho. Tudo o que a gente precisa para ir atrás dos nossos objetivos é persistência, com certeza. Mas também há as pessoas que nos acompanham e apóiam. O problema é que sem os objetivos os outros desistem da gente, eles se cansam.

É muito triste ser aquele usado para tapar buracos do outro. É muito triste ser aquele que precisa dos seus buracos tapados usando o outro. Todo mundo precisa tapar seus buracos, não posso me esquecer disso, é justamente por isso, que os objetivos foram feitos e que sempre que um sonho é realizado, que um objetivo é cumprido, a sensação de alívio não dura uma eternidade, mas só o suficiente para admirarmos a nossa capacidade de conseguir. Quando isso termina, outro buraco se abre, e precisamos de mais. Ter objetivos faz com que a vida aconteça. Mas a gente pode estar muito ocupado fazendo os tais planos mirabolantes. As oportunidades escapam. É preciso ir atrás da vida.