Sei de tudo isso e de outras coisas. Sei, por exemplo, que não suporto quem vive de paixão. Quem vive de paixão é volúvel e incapaz de amar. Quem vive de paixão não consegue nunca compreender a graça de conhecer alguém profundamente, incluindo as partes menos atraentes. Aquelas que não mostramos imediatamente ao conhecermos alguém, porque é preciso nos amar para poder conviver com elas.
A minha parte menos atraente é que eu sou carente. Gosto de atenção, gosto de companhia. Gosto de alguém que dedica cinco minutos para perguntar como eu estou. Deve ser por isso que converso com as pessoas desconhecidas. Para mim, amor é isso. É saber dessas coisas e levar em frente. Se apaixonar é fácil. Difícil é amar os dias de mau humor, as implicâncias, os costumes diferentes.
Não me considero particularmente apaixonável, até porque, pessoas retraídas dificilmente são. Mas acho que sou amável, por causa das outras coisas, aquelas que aparecem depois de um tempo, que nem precisa ser tão longo. Ando me sentindo sozinha. Precisando de alguém pra conversar. Sobre nada, sobre o filme, sobre a música, sobre a notícia, sobre os planos. Essas coisas que eu fazia quando namorava e agora não faço mais porque o tempo precisa de um pouco da nossa generosidade e paciência, e por isso, melhor não forçar nada. O que as pessoas precisam mesmo é de alguém para mandar uma mensagem ou fazer uma ligação de madrugada, independente da hora sem sentir que está incomodando, sem se sentir patético por isso.