segunda-feira, novembro 4

sobre hibiscus brancos

Era o fim do poço. Uma manhã azul. Sentia-me mal, vazia e sentada no banco amarelo em frente à piscina. Procrastinando. E meus olhos que nada captam, brilharam intensamente. Sorriu-me com ironia. Fitei. Desviou. Fixei. Passou a mão paulatinamente em seus cabelos. Saiu. Guardei no pensamento. Reparei no pé de Hibiscu amarelo que estava por trás de mim. Sorriu para mim. Liberou todo o seu pólen em mim, como se desejasse toda sorte do mundo. O sol e o céu também. Os dias seguiram. Não sei muito bem o que me aconteceu, estava ébria. Quando acordei não sabia onde estava. Mas sabia com quem estava. O samba me acompanhou em todas as noites estreladas que passaram. Dias de felicidade e noites de angustia.

Era o fim do mundo todo o fim de semana. Interrogações e medos me perseguiam como se quisessem roubar tudo que trago na bolsa. Desvairada eu corria e me escondia. Não sei qual o meu limite, nunca soube. O que me faz parar. Nada me pára. Eu não me paro. Caminho no sobressalto, movida a samba e batuque. Agora eu conto o tempo até a próxima primavera, para que mais pólen me envolva. Eu não podia dizer não, quando partiu para a próxima guerra eu só observei. Cozinhei, costurei, remendei. Me inspirei, tomei café, escrevi. Sonhei acordada, balancei na rede, pensei no essencial. Amei. Descobri o melhor lado. Mas não o escolhi. Segui a vida como era, como me disseram que tinha de ser. Ver a vida com outro aroma foi o real intuito de tudo que aconteceu. Hoje bebo coragem em goles grandes como nunca tomei. O hibiscu que era encarnado, está desbotado. Me despeço dessa estória. E a única coisa que fica, é o adeus.

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